domingo, 17 de agosto de 2014

Lição 8 - O Cuidado com a Língua


24 de Agosto de 2014

O Cuidado com a Língua

TEXTO ÁUREO
"Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo"  (Tg 3.2).


VERDADE PRÁTICA
A nossa língua pode destruir vidas, portanto, sejamos cuidadosos com o que falamos.

HINOS SUGERIDOS
77, 224, 302

LEITURA DIÁRIA
Segunda - Sl 12.3 A soberba da língua
Terça - Pv 6.16-19 A língua mentirosa
Quarta - Sl 15.3 A língua difamadora
Quinta - Sl 34.13 Guarde a língua do mal
Sexta - Sl 66.16,17 Exaltemos a Deus com a nossa língua
Sábado - Sl 119.172 Anunciando a Palavra de Deus


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Tiago 3.1-12
Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo.
Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal varão é perfeito e poderoso para também  refrear todo o corpo.
Ora, nós pomos freio nas bocas dos cavalos, para que nos obedeçam; e conseguimos dirigir todo o seu corpo.
Vede também as naus que, sendo tão grandes e levadas de impetuosos ventos, se viram com um bem pequeno leme para onde quer a vontade daquele que as governa.
Assim também a língua é um pequeno membro e gloria-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia.
A língua também é um fogo; como mundo de iniqüidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno.
Porque toda a natureza, tanto de bestas-feras como de aves, tanto de répteis como de animais do mar, se amansa e foi domada pela natureza humana;
mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal.
Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus:
10 de uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim.
11 Porventura, deita alguma fonte de um mesmo manancial água doce e água amargosa?
12 Meus irmãos, pode também a figueira produzir azeitonas ou a videira, figos? Assim, tampouco pode uma fonte dar água salgada e doce.

INTERAÇÃO
Prezado professor, dando prosseguimento ao estudo da Epístola de Tiago, hoje aprenderemos um tema atual e bem relevante - o cuidado que devemos ter com a nossa língua. Tiago faz dos primeiros versículos do capítulo três um verdadeiro tratado a respeito da disciplina da língua. Porém, este assunto é destaque em toda a epístola. Observe os seguintes textos da epístola: 1.19, 26; 4.11,12; 5.12. Sabemos que a língua é um pequeno membro do nosso corpo, todavia seu poder é sempre ambíguo. Sim, a língua tem poder para construir e para destruir, por isso, ela precisa ser controlada pelo Espírito Santo. Sozinhos não conseguiremos refrear nossa língua e somente utilizá-la para glória de Deus. Precisamos da ajuda do Criador. Segundo Tiago, o homem que domina esse pequeno órgão é um homem perfeito, com a capacidade de também refrear as demais partes do seu corpo..


OBJETIVOS
Após a aula, o aluno deverá estar apto a:
* Analisar a responsabilidade dos mestres na igreja.
* Conscientizar-se a respeito da capacidade da nossa língua.
* Rejeitar a possibilidade de alguém utilizar a língua de modo ambíguo.


ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor, reproduza o esquema abaixo no quadro. Depois, utilizando-o, ressalte as características de quando a nossa fala é motivada pelo Diabo.  Em seguida ressalte as características da língua quando ela é controlada por Deus. Enfatize os danos terríveis que uma língua descontrolada pode causar na família, na igreja e no ambiente corporativo. Conclua explicando que no dia do Juízo, teremos que dar conta ao nosso Senhor de toda palavra ociosa proferida pela por nós. Leia com os alunos o texto de Mateus 12.36.


NOSSA FALA

Quando a fala é motivada por Satanás
Está cheia de:

* Amargo ciúme;
* Ambição egoísta;
* Preocupação e desejos terrenos;
* Pensamentos e ideias não espirituais;
* Desordem;
* Males.

Quando a fala é motivada
por Deus
Está cheia de:

* Pureza;
* Paz;
* Consideração pelos outros;
* Submissão;
* Misericórdia;
* Sinceridade

Extraído da Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, CPAD, p. 1756.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

Nessa lição veremos o quanto o crente deve ser cuidadoso na maneira de falar com os outros. Tema do terceiro capítulo da epístola, o meio-irmão do Senhor escreve sobre um pequeno membro do nosso corpo: a língua. Este acanhado, mas poderoso órgão humano, pode destruir ou edificar a vida das pessoas. Por isso, a nossa língua deve ser controlada pelo Espírito Santo a fim de sermos canais de bênçãos para aqueles que nos ouve.

I. A SERIEDADE DOS MESTRES (Tg 3.1,2)

1. O rigor com os mestres. A palavra hebraica para mestre é rabbi, cujo significado é "meu mestre". Os mestres eram honrados em toda a comunidade judaica, gozando de grande respeito e prestígio. Na realidade, o ofício rabínico era uma das posições mais almejadas pelos judeus, pois era notória a influência dos mestres sobre as pessoas (Mt 23.1-7). Daí o porquê de muitos ambicionarem tal posição. E é exatamente alarmado por isso que Tiago inicia então o capítulo três, referindo-se aos que acalentavam essa aspiração, visando obter prestígio, privilégio e fama, a que tivessem cuidado (v.1). Antes de almejarmos o ministério da Palavra devemos estar cônscios de nossa responsabilidade e de que um dia o Altíssimo nos pedirá conta dos atos e dos talentos a nós dispensados.
2. A seriedade com os mestres na igreja (v.1). Em Mateus 5.19 lemos sobre a advertência de Jesus quanto à seriedade e a fidelidade dos discípulos no ensino do Evangelho. Devido a sua importância, Jesus estabeleceu o ensino como um meio de propagar o Evangelho a toda criatura e, assim, ordenou a sua Igreja que fizesse seguidores do Caminho pelo mundo (Mt 28.19,20). É interessante notarmos o paralelo que Tiago faz em relação à advertência proferida por Jesus em tempo anterior: Quem foi vocacionado para ser mestre não pode ter o "espírito" dos fariseus, mas o de Cristo (Mc 12.38-40).
3. Perfeição que domina o corpo (v.2). Quem domina ou controla a sua língua, sem cometer delitos (excessos, descontroles, julgamentos precipitados, difamações, etc.), sem dúvida, é "perfeito". O controle da língua significa que a pessoa tem a capacidade de controlar as demais áreas da vida, pois a língua é poderosa "para também refrear todo o corpo". Quem tem domínio sobre a língua, tem igualmente o coração preservado, pois a boca fala do que o coração está cheio. Discipline-se! Faça um propósito com Deus e consigo mesmo: não empreste os seus lábios para fazer o mal.
SINOPSE DO TÓPICO (1)
A língua é um pequeno órgão do nosso corpo, porém seu poder é comparado a um fogo destruidor.

II. A CAPACIDADE DA LÍNGUA (Tg 3.3-9)

 1. As pequenas coisas no governo do todo (vv.3-5). Tiago faz uma analogia acerca da nossa capacidade de usarmos a língua. Ele remete-nos ao exemplo do leme dos navios e do freio dos cavalos. Apesar de tais objetos serem pequenos, porém, são fundamentais para controlar e dirigir transportes grandes e pesados. Assim, o apóstolo nos mostra que, apesar de pequena, a língua é capaz de realizar grandes empreendimentos - edificantes ou destrutivos. Como um pequeno membro é capaz de "acender um bosque inteiro"?
2. "A língua também é um fogo" (vv.6,7). Quantas pessoas não frequentam mais as nossas reuniões porque foram feridas com palavras? Você já se fez essa pergunta? É preciso usar nossa língua sabiamente, pois "a morte e a vida estão no poder da língua [...]" (Pv 18.21). Grande parte dos incêndios nas florestas inicia através de uma pequena fagulha. Todavia, essa faísca alastra-se podendo destruir grandes áreas de vegetação. Da mesma forma, são as palavras por nós pronunciadas. Se não forem proclamadas com bom senso, muitas tragédias podem acontecer.
3. Para dominar a língua. Ainda no versículo sete, Tiago faz outra ilustração em relação ao tema do uso da língua. Ele mostra que a natureza humana conseguiu domar e adestrar as bestas-feras, as aves, os répteis e os animais do mar. Mas a língua do ser humano até hoje não houve quem fosse capaz de dominar. Por esforço próprio o homem não terá forças para domar o seu desejo e as suas vontades. Mas quando Deus passa a nos governar, a língua do crente deixa de ser um órgão de destruição e passa a ser um instrumento poderoso e abençoador, usado para o louvor da glória do Eterno. A fim de dominar a nossa língua, devemos entregar o nosso coração inteiramente ao Senhor, "Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca" (Mt 12.34).
SINOPSE DO TÓPICO (2)
Aprendemos com o meio-irmão do Senhor que embora a língua seja um pequeno órgão do nosso corpo, ela tem poder para edificar e destruir pessoas e instituições. Precisamos submeter este pequeno órgão ao Criador.

III.NÃO PODEMOS AGIR DE DUPLA MANEIRA (Tg 3.10-12)

1. Bênção e maldição (v.10). Tiago até reconhece a possibilidade de alguém usar a língua de modo ambíguo. Entretanto, deve a mesma língua que expressa o amor a Deus, deixar-se usar para destruir pessoas? Apesar de o meio-irmão do Senhor dizer que tudo que existe obedece sua própria natureza, se experimentamos o novo nascimento, tornamo-nos uma nova criação, isto é, adquirimos outra natureza. Esta tem de ser manifesta em nosso falar e agir. Portanto, se você foi transformado pela graça de Deus mediante a fé de Cristo, a sua língua não pode ser um instrumento maligno. A fofoca, a mentira, a calúnia e a difamação são obras carnais e não podem ter lugar em nossa vida.
2. Exemplos da natureza (vv.11,12). O líder da igreja de Jerusalém usa dois exemplos da natureza para apontar a incoerência de agirmos duplamente. Tiago questiona a possibilidade de a fonte que jorra água doce jorrar igualmente água salgada. Para provar a impossibilidade natural deste fenômeno, o meio-irmão do Senhor pergunta, de maneira retórica, se uma figueira poderia produzir azeitonas, e a videira, figos. Naturalmente, a resposta é um sonoro não! Portanto, a pessoa que bendiz ao Senhor não maldiz o próximo. Se Deus é amor, como podemos odiar alguém?
3. Uma única fonte.  Aquele que bebe da água da vida não pode fazer jorrar água para morte. Quem bebe da água limpa do Cristo de Deus não pode transbordar água suja. Portanto, a palavra proferida por um discípulo de Cristo deve edificar os irmãos, dar graça aos que ouvem e sarar quem se encontra ferido.
SINOPSE DO TÓPICO (3)
Como servos de Deus, não podemos utilizar nossa língua para expressar palavras de adoração ao Senhor e em seguida utilizá-la para destruir o nosso próximo.

CONCLUSÃO
Uma vez Salomão disse que a boca do justo é manancial de vida (Pv 10.11), e que as palavras da boca do homem são águas profundas (Pv 18.4). Tomemos o devido cuidado com a maneira como usamos a nossa língua. Não esqueçamos que, no dia do Juízo, daremos conta a Deus de toda palavra ociosa proferida pela nossa boca (Mt 12.36).


AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio Teológico
"Tiago emprega duas metáforas para descrever a habilidade da língua em 'refrear todo o corpo' - o freio nas bocas dos cavalos e o leme no navio. Nos dois exemplos, qualquer uma das menores partes é capaz de controlar a direção e as ações de todo conjunto. No entanto, a relação entre a língua e o resto do corpo é diferente daquela de um freio com o cavalo ou de um leme com o navio; ela não controla diretamente as ações de uma pessoa. Devido à imperfeita adaptação dessa analogia, alguns comentaristas sugeriram que Tiago está estendendo sua discussão ao papel dos professores da Igreja. É a 'língua' do mestre que controla todo o 'corpo' da Igreja. Porém, a principal preocupação de Tiago nessa seção da carta está dirigida às atitudes individuais dos crentes, e não à vida coletiva da Igreja (uma questão que ele analisa em 5.13-20). Assim sendo, [...] pode ainda estar fazendo uma ilustração da ideia dos ensinamentos de Jesus quando diz que 'do que há em abundância no coração, disso fala a boca' (Mt 12.34; Tg 3.10), onde o desejo do indeciso coração humano profere tanto a bênção quanto a maldição)" (ARRINGTON, French L; STRONSTD, Roger. (Eds.).  Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol. 2. 4. ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2009, pp. 873-74).



BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
ARRINGTON, French L; STRONSTD (Eds.).  Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol. 2. 4.ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2009.


SAIBA MAIS
Revista Ensinador Cristão CPAD
nº58. p.39.

EXERCÍCIOS

1. Qual é a palavra hebraica utilizada para mestre? Qual é o seu significado?
R. A palavra hebraica para mestre é rabbi, cujo significado é "meu mestre".

2. Devido a sua importância, como Jesus estabeleceu o ensino?
R.  Jesus estabeleceu o ensino como um meio de propagar o Evangelho a toda criatura e, assim, ordenou a sua Igreja que fizesse seguidores do caminho pelo mundo (Mt 28.19,20).

3. O que significa o controle da língua?
R. O controle da língua significa que a pessoa tem a capacidade de controlar as demais áreas da vida, pois a língua é poderosa "para também refrear todo o corpo".

4. Segundo a lição, o que devemos fazer a fim de dominar a nossa língua?
R. A fim de dominar a nossa língua, devemos entregar o nosso coração inteiramente ao Senhor, "pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca" (Mt 12.34).

5. De acordo com Salomão, o que são as palavras da boca do homem (Pv 18.4)?
R. As palavras da boca do homem são águas profundas (Pv 18.4).

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Lição 7 - A Fé se Manifesta em Obras


17 de Agosto de 2014

A Fé se Manifesta 
em Obras

TEXTO ÁUREO
"Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus" (Mt 5.16).


VERDADE PRÁTICA
Uma vez salvos em Cristo, o amor, materializado por meio das boas obras, torna-se a nossa identidade cristã.

HINOS SUGERIDOS
17, 75, 79

LEITURA DIÁRIA
Segunda - 1 Ts 1.3 A fé e as obras são inseparáveis
Terça - 2 Ts 1.11 A oração precede a ação
Quarta - Hb 11.17 As obras da fé abrangem a ação
Quinta - Ap 2.19 O Senhor conhece as nossas obras
Sexta - 2 Tm 4.6-8 A esperança fortalecida pelas obras
Sábado - At 7.60 Uma fé a toda prova


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Tiago 2.14-26
14 Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as obras? Porventura, a fé pode salvá-lo?
15 E, se o irmão ou a irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano,
16 e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e lhes não derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí?
17 Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.
18 Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.
19 Tu crês que há um só Deus? Fazes bem; também os demônios o crêem e estremecem.
20 Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é morta?
21 Porventura Abraão, o nosso pai, não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque?
22 Bem vês que a fé cooperou com as suas obras e que, pelas obras, a fé foi aperfeiçoada,
23 e cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus.
24 Vedes, então, que o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé.
25 E de igual modo Raabe, a meretriz, não foi também justificada pelas obras, quando recolheu os emissários e os despediu por outro caminho?
26 Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.


INTERAÇÃO
Imagine um presidente que não governa? Um juiz que não julga? Um advogado que não advoga? Um médico que não clinica? Um policial que não protege? Um professor que não ensina? Um cientista que não pesquisa? Um arquiteto que não desenha? Um filósofo que não filosofa? Imaginou? Assim é o crente que não produz boas obras. Que não ama! E como estudamos na epístola de Tiago, as boas obras são obras de misericórdia, isto é, ações encharcadas no amor. A carta de Paulo aos Romanos nos diz que "quem ama aos outros cumpriu a lei", pois "o amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor" (13.8,10).

OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
* Destacar que a fé e as obras são relacionais.
* Apontar os exemplos de fé com obras no Antigo Testamento.
* Compreender a metáfora do corpo sem espírito proposta por Tiago.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Prezado professor, para concluir a aula desta semana sugerimos que você reproduza o esquema abaixo de acordo com as suas possibilidades. Peça aos alunos que dê exemplos de atitudes que retratam a "Fé sem as obras" e a "Fé com as obras", de acordo com a coluna sugerida. Em seguida releia com a classe Tiago 2.14-17; leia também Romanos 13.8-10 e Marcos 12.30,31. Então, afirme que o ensino de Tiago está em harmonia com o de Paulo em Romanos e no Evangelho de Marcos. Nas Escrituras, subentende-se que amar é agir pelo bem do próximo. Conclua a lição dizendo que a fé sem as obras demonstram que o crente não conhece o Evangelho. Tal fé é morta!



“FÉ” SEM AS OBRAS
1.
2.
3.
4.
5.
6.

FÉ COM AS OBRAS
1.
2.
3.
4.
5.
6.


COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO
A lição de hoje trata da fé manifestada através das obras (Tg 2.14-26). Além de tal assunto ser imprescindível à vida cristã -, pois, sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11.6) -, é preciso reafirmar que o crente é salvo pela graça, por meio da fé (Ef 2.8,9). Devendo o cristão andar por ela (2 Co 5.7), tendo em vista de que tudo aquilo que não é de fé, culmina em pecado (Rm 14.23). Entretanto, a fé não é uma fuga da realidade. Por isso, Jesus ensinou que a fé deve ser praticada (Mt 5.22-48). Nesta lição, igualmente, Tiago mostra que uma fé viva é autenticada pela produção de boas obras, pois não há antagonismo algum entre ambas - fé e obras. Conforme aprenderemos, na vida cristã, fé e obras não são distintas, mas complementares.

I. - DIANTE DO NECESSITADO, A NOSSA FÉ SEM OBRAS É MORTA (Tg 2.14-17)

1. Fé e obras. Ao ler desavisadamente a Epístola de Tiago o leitor pode afirmar que ela contradiz os ensinamentos do apóstolo Paulo quanto à doutrina da salvação pela fé (Rm 4.1-6). Todavia, ao estudarmos cuidadosamente o tema em questão, veremos que os ensinos paulinos e os de Tiago em hipótese alguma se contradizem. Quando Paulo escreve sobre as obras, ele se refere à Lei - o orgulho nos rituais judaicos e na obediência a um sistema de regras religiosas - equanto que Tiago, às obras de misericórdia ao próximo necessitado. O meio-irmão do Senhor não se opôs ao apóstolo dos gentios. Enquanto Paulo anunciava ao pecador a salvação pela graça mediante a fé (Ef. 2.8), Tiago doutrinava os crentes sobre a impossibilidade de vivermos a fé de Cristo sem manifestar os frutos de arrependimento (Mt 3.8). O primeiro preocupou-se com a causa da salvação e o segundo, com o efeito dela.
2. O cristão e a caridade. "A fé não acompanhada de ação é morta", declara Tiago. "Fazer", "realizar" e "agir" são atitudes que integram a religião pura e imaculada: ajudar os necessitados nas suas necessidades. A fé, quando não produz tais frutos, é morta. A fim de ilustrar tal verdade, Tiago inquire retoricamente os servos de Deus dizendo que se oferecermos, a um irmão ou a uma irmã, que estejam padecendo necessidade, apenas uma palavra de "incentivo" e não lhes dermos as coisas de que eles necessitam, isso não resolverá o problema. Diante de alguém necessitado, o que precisa ser feito? Orar e despedi-lo sem nada? Se assim procedermos, nossa oração não servirá para nada. Aliás, como ensina João, a pessoa que não se compadece dos necessitados não tem o amor de Deus em sua vida (1 Jo 3.17,18). Tal aspecto já havia sido ensinado por Jesus ao dizer que, no socorro àqueles que precisam de ajuda, acolhemos o próprio Senhor (Mt 25.40).  
3. A "morte" da fé. A concepção de fé apresentada na Epístola de Tiago é a confiança em Deus: "Tu crês que há um só Deus?" (v.19). Logo, as obras de que Tiago fala, consistem na expressão da vontade de Deus, ou seja, amar o próximo, visitar os enfermos, defender os direitos dos pobres, praticar a justiça, etc. Esta é a fé viva em Deus! A epístola nos ensina que se amamos o outro, não amamos segundo as nossas concupiscências, mas segundo o amor de Deus por nós. Este amor nos estimula a amar o ser humano independentemente de quem ele seja. Ame o próximo e mostrará uma fé viva. Não ame, e se confirmará: a tua é fé está morta.

SINOPSE DO TÓPICO (1)
Tiago nos mostra que diante de uma necessidade do próximo, o crente não pode espiritualizar a sua necessidade material, antes deve supri-la. Do contrário, não há fé.

II. EXEMPLOS VETEROTESTAMENTÁRIOS DE FÉ COM OBRAS (Tg 2.18-25)

1. Não basta "crer". Tiago afirma que a crença teórica em Deus não significa muita coisa. Os demônios, igualmente, creem e estremecem diante do Altíssimo (Lc 8.26-33; Mc 5.1-10). Em outras palavras, eles "creem", ou sabem, que Jesus é o Filho de Deus. Entretanto, a confissão dos demônios não implica um compromisso de obediência a Deus. A verdadeira fé, porém, manifesta-se na prática coerente do servo de Deus com tudo aquilo em que ele diz crer. O autor da epístola demonstra que a fé não consiste em um discurso, mas em convicção autêntica, seguida da prática de obras de amor, pois é justamente isso que Jesus fez e ainda faz (At 10.38; Hb 13.8). Exemplificando esse ensino da fé compromissada com a ação, Tiago utiliza dois ricos exemplos do Antigo Testamento.
2. Abraão. O patriarca Abraão, conhecido como "pai da fé", obedeceu a Deus quando o Senhor lhe pediu seu amado filho, Isaque. O patriarca de Israel já havia demonstrado confiança em Deus quando decidiu, por um ato de fé e obediência, partir para uma terra desconhecida (Hb 11.8,9). Agora, Abraão estava diante de uma prova de fé ainda mais dura: imolar o seu filho amado e oferecê-lo em sacrifício a Deus. Uma fé levada até as últimas consequências! A obra de Abraão demonstrou a sua confiança em Deus independente das circunstâncias. E nós, como estamos diante de Deus? Cremos quando vai tudo bem, e está tudo certo ou cremos apesar das circunstâncias?  
3. Raabe. Outro exemplo apresentado por Tiago é o de Raabe, uma mulher gentia e prostituta que vivia em Jericó durante a conquista da terra de Canaã pelos judeus. Quando Josué enviou os espias para olharem a terra, Raabe os escondeu e, mais tarde, os ajudou a escapar dos guardas de Jericó. A atitude de Raabe levou os espias a prometerem que nenhum mal aconteceria a ela quando os israelitas tomassem a cidade (Js 2.1-24). Raabe teve fé no Deus de Israel! Na certeza de que Deus daria aquela cidade ao seu povo, ela agiu para proteger os espias enviados por Josué. Por isso, Raabe, a prostituta de Jericó, foi justificada e constituída na linhagem do nosso Salvador, Jesus Cristo (Mt 1.5). É uma grande mulher que consta como a heroína da fé (Hb 11.31).

SINOPSE DO TÓPICO (2)
As ações de Abraão e Raabe são dois grandes exemplos do Antigo Testamento quanto à fé compromissada com as obras

III. A METÁFORA DO CORPO SEM O ESPÍRITO PARA EXEMPLIFICAR A FÉ SEM OBRAS (Tg 2.26)

1. Uma analogia do corpo sem espírito. Para os que conhecem a Palavra de Deus, é inconcebível a ideia de um corpo vivo sem o espírito e a alma (At 20.9,10; 1 Ts 5.23). O teólogo britânico, John Stott, escreveu: "O nosso próximo é uma pessoa, um ser humano, criado por Deus. E Deus não o criou como uma alma sem corpo (para que pudéssemos amar somente sua alma), nem como um corpo sem alma (para que pudéssemos preocupar-nos exclusivamente com seu bem-estar físico), nem tampouco um corpo-alma em isolamento (para que pudéssemos preocupar-nos com ele somente como um indivíduo, sem nos preocupar com a sociedade em que ele vive). Não! Deus fez o homem um ser espiritual, físico e social. Como ser humano, o nosso próximo pode ser definido como 'um corpo-alma em sociedade'" (Cristianismo Equilibrado, CPAD). Sem o espírito, o fôlego de vida, o ser humano não é nada. Só podemos ser considerados humanos quando as esferas espiritual, física e social estão inseparáveis. Qual a relação desse assunto com a fé?
2. Da mesma maneira: fé sem obras é morta. "Assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta" (v.26). Tiago nos ensina que não faz sentido expressarmos uma fé verbalmente se ela não tem ação concreta. Como as pessoas constatarão que eu creio de todo coração em Deus? À medida que os meus atos em relação a elas revelarem o amor do Criador. Se não houver obras de misericórdia, amor, honestidade e carinho ao próximo, a nossa fé estará morta, sepultada. Podemos citar de cor e salteado o Credo Apostólico, o credo da nossa demominação e milhares de versículos da Bíblia. Mas se não houver ação, tudo não passará de argumentos sem vida. Deus nos livre dessa ignomínia!

SINOPSE DO TÓPICO (3)
Assim como o corpo sem o espírito não tem vida, a fé sem as obras é morta.

CONCLUSÃO
Sabemos que o ser humano está vivo porque ele tem atividade cerebral intacta, os pulmões funcionam rotineiramente, o coração bombeia o sangue, irrigando todo o corpo. Isto é, o corpo humano está se movimentando naturalmente. Da mesma forma é a fé. Uma fé viva em Deus através do seu Filho, Jesus Cristo, justifica o homem de todo o pecado (Rm 5.1; Tg 2.18-25). Mas uma fé sem obras está morta! É como um corpo humano que não tem vida. Não respira mais. Que possamos viver todas as implicações reais de nossa crença em Deus.


AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I

Subsídio Teológico
"Somos ensinados a considerar a fé constituída de mera especulação e conhecimento como sendo de demônios: 'Tu crês que há um só Deus? Fazes bem; também os demônios o creem e estremecem' (v.19). O exemplo de fé que o apóstolo aqui escolhe mencionar é o primeiro princípio de toda religião: 'Tu crês que há um só Deus, contra os ateus; e que há somente um Deus, contra os idólatras; fazes bem: até aqui está tudo bem. Mas se descansares aqui, e assumires uma boa opinião de ti mesmo, ou do teu estado diante de Deus, meramente por conta do teu crer nele, isso vai te tornar miserável no final: os demônios o creem e estremecem. Se tu te contentas com um mero consentimento com os artigos de fé, e algumas especulações sobre eles, até esse ponto os demônios vão. E como a fé e o conhecimento que eles têm só serve para excitar o horror, assim em pouco tempo o fará a tua fé'. A palavra estremecer é geralmente considerada como tendo um bom efeito sobre a fé; mas aqui deve ser entendida como um efeito negativo, quando é aplicada à fé dos demônios. Eles estremecem, não por reverência, mas por ódio e oposição àquele Deus em quem eles creem. Recitar aquele artigo da confissão de fé: Creio no Deus Pai e Todo-Poderoso não vai nos distinguir dos demônios no final, a não ser que nos entreguemos a Deus agora como o evangelho nos orienta, e o amemos, e tenhamos prazer nele, e o sirvamos, o que os demônios não fazem e não podem fazer (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento: Atos a Apocalipse. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.83a6)..


AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II

Subsídio Bibliológico
"Neste sermão [do Monte] - que Lord Acton definiu como a verdadeira revelação de uma sociedade moralmente nova - o Senhor Jesus contrasta ideias espirituais que sustentam a conduta moral adequada, com as exigências meramente exteriores da lei. Ele ensina que a ira que traz como fruto o assassinato é errada; que a reconciliação com um irmão é mais essencial do que o desempenho de atos exteriores de adoração; que o cultivo de pensamentos lascivos tornam as pessoas tão culpadas quanto à prática do próprio adultério; que seus seguidores devem ser extremamente comprometidos com a verdade, a ponto de os juramentos tornarem-se desnecessários; que a vingança é maligna; que os inimigos, assim como os amigos e benfeitores, devem receber nosso amor; que destacar os defeitos da vida dos outros, e tentar remodelar a vida destes  de forma intrometida, e tudo isto através de uma atitude de censura, são repreensíveis; que o exercício da piedade como a doação de esmolas, as orações, e o jejum devem ser destituídos de ostentação; que o cristão só pode ter um Senhor.
Muitas passagens notáveis podem ser destacadas neste sermão. Existem as parábolas que falam da luz interior (Mt 6.22,23), e das duas casas (Mt 7.24-27). A oração do Senhor, citada por Mateus, em sua primeira seção trata dos deveres para com Deus, e, na sua segunda, trata dos deveres para com o próximo. O Senhor Jesus preparou este modelo a partir de um contexto judaico, dando um exemplo de como a alma, mesmo com poucas palavras, pode falar com Deus [...].
A 'regra áurea' (Mt 7.12) foi assim chamada no século XVIII por Richard Godfrey e Isaac Watts. Willian Dean Howells em seu romance Silas Lapham (1985) usou esta frase que agora nos é familiar. Este princípio de reciprocidade, que de acordo com Wesley é recomendado pela própria consciência humana, tornou-se a base do sistema ético de John Stuart Mill. Este princípio também é refletido na afirmação de Kant de que a pessoa deve agir como se sua regra de conduta estivesse destinada - pela força de sua vontade - a se tornar uma lei universal da natureza. A diferença entre a ordem categórica de Kant e a 'regra áurea' de Cristo é que a ordem de Kant não tem conteúdo, enquanto Cristo resume o conteúdo da segunda tábua da lei moral de Deus. O Senhor Jesus Cristo exemplificou a 'regra áurea'na parábola do Bom Samaritano (Lc 10.25ss.)" (PFEIFFER, Charles F.; VOS, Howard, F. Dicionário Bíblico Wycliffe. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p.1803-04).


VOCABULÁRIO
Antagonismo: Princípio ou tendência contrária; oposição.
Distinta: Que não é igual; diferente
Imolar: Matar em sacrifício a Deus.
Ignomínia: Grande desonra infligida por um julgamento público; degradação social; opróbrio.

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
STRONSTAD, Roger; ARRINGTON, French L. (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
STOTT, John. Cristianismo Equilibrado. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.


SAIBA MAIS
Revista Ensinador Cristão CPAD
nº58. p.39.

EXERCÍCIOS

1. O que ocorre com a fé se não for acompanhada de ação?
R. Ela se achará morta.

2. Como é a concepção de fé apresentada na Epístola de Tiago?
R. A concepção de fé apresentada na Epístola de Tiago é a confiança em Deus: "Tu crês que há um só Deus?" (v.19).

3. Segundo a lição, como se manifesta a verdadeira fé?
R. A verdadeira fé, porém, manifesta-se na prática coerente do servo de Deus com tudo aquilo em que ele diz crer. 

4. Quais os dois ricos exemplos de fé do Antigo Testamento utilizados por Tiago?
R. A disposição de Abraão em entregar o seu filho a Deus e de Raabe em esconder e proteger os espias.

5. Segundo a lição, como as pessoas poderão constatar que cremos em Deus de todo coração?
R. À medida que os meus atos em relação a elas revelarem o amor do Criador.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Lição 6 - A Verdadeira Fé Não Faz Acepção de Pessoas


10 de Agosto de 2014

A Verdadeira Fé Não Faz Acepção de Pessoas

TEXTO ÁUREO
"Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis. Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado e sois redarguidos pela lei como
transgressores"  (Tg 2.8,9).

VERDADE PRÁTICA
Não podemos fazer acepção de pessoas, pois o Senhor não fez conosco.

HINOS SUGERIDOS
11, 17, 23

LEITURA DIÁRIA
Segunda - Dt 1.17 Diante de Deus, somos iguais
Terça - At 2.44 Uma igreja solidária
Quarta - Jó 5.16 Esperança para o pobre
Quinta - 1 Co 1.28  O paradoxo divino
Sexta - Fp 2.5-8 Nosso referencial de humildade
Sábado - 1 Pe 2.9 Das trevas para a luz

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Tiago 2.1-13
1 Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas.
2 Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com vestes preciosas, e entrar também algum pobre com sórdida vestimenta,
3 e atentardes para o que traz a veste preciosa e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui, num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé ou assenta-te abaixo do meu estrado,
4 porventura não fizestes distinção dentro de vós mesmos e não vos fizestes juízes de maus pensamentos?
5 Ouvi, meus amados irmãos. Porventura, não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam?
6 Mas vós desonrastes o pobre. Porventura, não vos oprimem os ricos e não vos arrastam aos tribunais?
7 Porventura, não blasfemam eles o bom nome que sobre vós foi invocado?
8 Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis.
9 Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado e sois redargüidos pela lei como transgressores.
10 Porque qualquer que guardar toda a lei e tropeçar em um só ponto tornou-se culpado de todos.
11 Porque aquele que disse: Não cometerás adultério, também disse: Não matarás. Se tu, pois, não cometeres adultério, mas matares, estás feito transgressor da lei.
12 Assim falai e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade.
13 Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa sobre o juízo.

INTERAÇÃO
Quem é o pobre deste mundo? Esta é uma pergunta que exige uma resposta complexa. Naturalmente não poderemos respondê-la satisfatoriamente neste espaço. Entretanto, nós temos a tendência de enxergar o pobre apenas sob a perspectiva econômica. Este não deixa de ser um olhar verdadeiro e correto. Por outro lado, precisamos levar em conta que o conceito de pobre não se aplica apenas à perspectiva econômica, mas igualmente à perspectiva educativa, psicológica ou de outras áreas. Em tese, o pobre é o desprotegido. O analfabeto, por exemplo, pode ter dinheiro, mas encontra-se vulnerável podendo ser ludibriado. Apesar de o texto de Tiago se referir ao aspecto econômico da sua época, é importante refletirmos sobre outros tipos de injustiças e pobrezas no mundo contemporâneo.

OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
* Destacar o ensino de Tiago de que a fé não faz acepção.
* Apontar a escolha de Deus pelos pobres aos olhos do mundo.
* Distinguir a Lei Mosaica das Leis Real e da Liberdade

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor, leve para a sala de aula recortes de revistas ou jornais sobre temas que revelem as diversas classes sociais no Brasil. Divida a turma em grupos. Em seguida, peça aos grupos para escolherem uma reportagem e identificarem a classe social por ela representada. Dê um tempo para que os alunos leiam e debatam a matéria em grupo. Encerrado o tempo de discussão, faça as perguntas para os grupos de acordo com o esquema da página seguinte. Ouça as respostas e conclua dizendo que no Brasil há diversas classes sociais - hoje classificadas em A, B, C, D e E. E. Isso significa que o nosso país é plural. Afirme que as Escrituras são taxativas quanto ao pecado de discriminação de pessoas socialmente menos abastadas.

PERGUNTAS PARA DEBATE
Qual a classe social representada na matéria?
Em sua opinião há desigualdade social no Brasil?
Você percebe esta desigualdade em sua igreja local?
Como você lida com tal realidade?
Você acha certo haver discriminação social na igreja local? Por quê?

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO
A discriminação contra as pessoas de classe social inferior é vergonhosa e ultrajante, principalmente, quando praticada no âmbito de uma igreja local. Nesta lição estudaremos sobre a fé que não faz acepção de pessoas. Veremos que erramos - e muito - quando julgamos as pessoas sob perspectivas subjetivas tais como a aparência física, posição social, status, a bagagem intelectual, etc. Isso porque tais características não determinam o caráter (Lc 12.15). Assim, a lição dessa semana tem o objetivo de mostrar, pelas Escrituras, que a verdadeira fé e a acepção de pessoas são atitudes incompatíveis entre si e, justamente por isso, não podem coexistir na vida de quem aceitou ao Evangelho (Dt 10.17; Rm 2.11).

I. A FÉ NÃO PODE FAZER ACEPÇÃO DE PESSOAS (Tg 2.1-4)
1. Em Cristo a fé é imparcial. O primeiro conselho de Tiago para a igreja é o de não termos uma fé que faz acepção de pessoas (v.1). Mas é possível haver favoritismo social onde as pessoas dizem-se geradas pela Palavra da Verdade? As Escrituras mostram que sim. Aconteceu na igreja de Corinto quando da celebração da Ceia do Senhor (1 Co 11.17-34). Hoje, não são poucos os relatos de pessoas discriminadas devido a sua condição social na igreja. Ora, recebemos uma nova natureza em Cristo (Cl 3.10), pois Ele derrubou o muro que fazia a separação entre os homens (Ef 2.14,15) tornando possível a igualdade entre eles, ou seja, estando em Jesus, "não há grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo em todos" (Cl 3.11). É, portanto, inaceitável e inadmissível que exista tal comportamento discriminatório e preconceituoso entre nós.
2. O amor de Deus tem de ser manifesto na igreja local. Havia na congregação, do tempo de Tiago, a acepção de pessoas. Segundo as condições econômicas, "um homem com anel de ouro no dedo, com trajes preciosos" era convidado a assentar-se em lugar de honra, enquanto o "pobre com sórdido traje" era recebido com indiferença, ficando em pé, abaixo do púlpito (vv.2,3). Tudo isso acontecia num culto solene a Deus! A Igreja de Cristo tem como princípio eterno produzir um ambiente regado de amor e acolhimento, e para isto "não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus" (Gl 3.28).
3. Não sejamos perversos (v.4). A expressão "juízes de maus pensamentos" aplicada no texto bíblico para qualificar os que discriminavam o pobre nas reuniões solenes, não se refere às autoridades judiciais, mas aos membros da igreja que, de acordo com a condição social, se faziam julgadores dos próprios irmãos. O símbolo da justiça é uma mulher de olhos vendados, tendo no braço esquerdo a balança e, no braço direito, a espada. Tal imagem simboliza a imparcialidade da justiça em relação a quem está sendo julgado. Portanto, a exemplo do símbolo da justiça, não fomos chamados a ser perversos "juízes", mas pessoas que vivam segundo a verdade do Evangelho. Este nos desafia a amar o próximo como a nós mesmos (Mc 12.31).
SINOPSE DO TÓPICO (1)
Em Cristo, o crente não pode se mostrar parcial e, por isso, o amor de Deus deve ser manifestado na igreja local através dele. O crente não pode ter um coração perverso

II. DEUS ESCOLHEU OS POBRES AOS OLHOS DO MUNDO (Tg 2.5-7)
1. A soberana escolha de Deus. É bem verdade que muitas pessoas ricas têm sido alcançadas pelo Evangelho. Mas ouçamos com clareza o que a Bíblia diz acerca dos pobres. Deus é soberano em suas escolhas. E de acordo com a sua soberana vontade Ele escolheu os pobres deste mundo. De maneira retórica, Tiago afirma: "Porventura não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam?" (v.5). É possível que as igrejas às quais Tiago dirigiu a Epístola talvez tivessem se esquecido de que é pecado fazer acepção de pessoas. Ainda hoje não podemos negligenciar esse ensino! O Senhor Jesus falou dos pobres nos Evangelhos (Lc 4.18; Mt 11.4,5) e, mais tarde, no Sermão da Montanha repetiu: "Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus" (Lc 6.20).    
2. A principal razão para não desonrar o pobre (v.6). Apesar de Deus ter escolhido os pobres, a igreja do tempo de Tiago fez a opção contrária. Entretanto, o meio-irmão do Senhor traz à memória da igreja que quem a oprimia era justamente os ricos. Estes os arrastaram aos tribunais. Como podiam eles desonrar os pobres, escolhidos por Deus, e favorecer os ricos que os oprimiam? É triste quando escolhemos o contrário da escolha de Deus. As Palavras de Jesus ainda continuam a falar hoje: "O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração, a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor" (Lc 4.18,19). Somos os seus discípulos? Então para sermos coerentes com o Evangelho termos de encarnar a missão de Jesus. Desonrar o pobre é pecado!
3. Desonraram o Senhor. Após lembrar a igreja da escolha de Deus em relação aos pobres deste mundo, Tiago exorta os irmãos a reconhecerem o favoritismo que há dentro da comunidade cristã: "Mas vós desonrastes o pobre" (v.6). Já os ricos, são recebidos com toda a pompa. No versículo 7, o meio-irmão do Senhor pergunta: "Porventura, não blasfemam eles [os ricos] o bom nome que sobre vós foi invocado?" (v.7). Estamos frente a algo reprovável diante de Deus: a discriminação social na igreja. Por isso é que o favoritismo, a parcialidade e quaisquer tipos de discriminação devem ser combatidos com rigor na igreja local, principalmente pela liderança. Esta deve dar o maior dos exemplos. Quem discrimina não compreendeu o que é o Evangelho!
SINOPSE DO TÓPICO (2)
As Escrituras mostram a principal razão para o crente não desonrar os pobres: Deus os escolheu aos olhos do mundo.

III. A LEI REAL, A LEI MOSAICA E A LEI DA LIBERDADE (Tg 2.8-13)
1. A Lei Real. A lei real é esta: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (v.8). Essa é a conclamação de Tiago a que os crentes obedeçam a verdadeira lei. O termo "real", no versículo 8, refere-se aquilo que é o mais importante da lei, a sua própria essência. Portanto, quem faz acepção de pessoas está quebrando a essência da lei. O amor ao próximo é o coração de toda lei: "A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. [...] O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor" (Rm 13.8,10). Só o amor é capaz de impedir quaisquer tipos de discriminação. Quem ama, não precisa da lei (Gl 5.23).
2. A Lei Mosaica. Na época em que a Epístola de Tiago foi escrita os judeus faziam distinção entre as leis religiosas mais importantes e as menos importantes, segundo os critérios estabelecidos por eles mesmos. Os judeus julgavam que o não cumprimento de um só mandamento acarretaria a culpa somente daquele mandamento desobedecido. Mas quando a Bíblia afirma "Porque aquele que disse: Não cometerás adultério, também disse: Não matarás", está asseverando o aspecto coletivo da lei. Isto é, quem desobedece um único preceito, quebra, ao mesmo tempo, toda a lei. Embora os crentes da igreja não adulterassem, faziam acepção de pessoas. Eles não atendiam a necessidade dos órfãos e das viúvas e, por isso, tornaram-se "transgressores de toda a lei". No Sermão da Montanha, nosso Senhor ensinou sobre a necessidade de se cumprir toda a lei (Mt 5.17-19; cf. Gl 5.23; Tg 2.10).  
3. A Lei da Liberdade. A Lei da Liberdade é o Evangelho. Por ele o homem torna-se livre. Liberto do pecado, dos preconceitos e da maneira mundana de pensar (Rm 6.18). Quem é verdadeiramente discípulo de Jesus desfruta, abundantemente, de tal liberdade (Jo 8.36; Gl 5.1,13). Entretanto, como orienta Tiago, tal liberdade deve vir acompanhada da coerência: "Assim falai, e assim procedei" (v.12). O crente pode falar, pode ensinar e até escrever sobre o pecado de fazer acepção de pessoas. Mas na verdade, é a sua conduta em relação aos irmãos que demonstrará se ele é, de fato, um liberto em Cristo ou um escravo deste pecado.
SINOPSE DO TÓPICO (3)
A Lei Mosaica destaca-se da Real e da Liberdade. Estas representam a nova aliança de Deus com a humanidade; enquanto aquela, a antiga

CONCLUSÃO
O segundo capítulo da Epístola de Tiago é uma voz do Evangelho a ecoar através dos tempos. Ele rotula a acepção de pessoas como pecado lembrando-nos de que Deus escolheu os "pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam". Assim, se a nossa vontade estiver de acordo com a vontade de Deus, amaremos os pobres como a nós mesmos. E conscientizar-nos-emos de que esse amor exige de nós ações verdadeiras, sinceras, e não apenas de vãs palavras religiosas que até mesmo o vento se encarrega de levar (cf. Tg 2.15-17).

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio Teológico
"'Mas vós desonrastes o pobre' (v.6). A acepção de pessoas, no sentido desta passagem, por conta das suas riquezas e da aparência exterior, é apresentada como um pecado muito grave, em virtude dos prejuízos devidos à riqueza e grandeza mundanas, e a tolice que há no fato de cristãos prestarem consideração indevida por aqueles que não têm consideração alguma nem por seu Deus nem por eles: 'Porventura, não vos oprimem os ricos e não vos arrastam aos tribunais? Porventura, não blasfemam eles o bom nome que o sobre vós foi invocado? (vv.6,7). Considerai como é comum que as riquezas sejam incentivos aos vícios e ao dano da blasfêmia e da perseguição. Pensai nas muitas calamidades que vós mesmos tolerais, e nas grandes afrontas que são lançadas sobre vossa fé e vosso Deus por homens de posses, poder e grandeza mundanos; e isso vai fazer vossos pecados parecerem extremamente pecaminosos e tolos, ao construirdes aquilo que tende a vos destruir, e a destruir tudo que estais edificando, e a desonrar esse nome pelo qual sois chamados.' O nome de Cristo é um nome digno; ele reflete honra, e dá dignidade aos que o usam" (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Novo Testamento: Atos a Apocalipse. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p.833).

VOCABULÁRIO
Sórdido: Que é ou está sujo, que tem sujeira no corpo e na roupa.
Retórica: A arte de bem argumentar.

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
EDREDEG, John. Um Mestre Fora da Lei: Conhecendo a surpreendente, perturbadora e extravagante personalidade de Jesus. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013.
HENRY, Matthew.  Comentário Bíblico Novo Testamento: Atos a Apocalipse. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.

SAIBA MAIS
Revista Ensinador Cristão CPAD
nº58. p.39.

EXERCÍCIOS

1. Segundo a lição, qual é o primeiro conselho de Tiago para a igreja?
R. O primeiro conselho de Tiago para a igreja é o de não termos uma fé que faz acepção de pessoas (v.1).

2. É possível haver favoritismo social onde as pessoas dizem-se geradas pela Palavra da Verdade?  
R. As Escrituras mostram que sim. Aconteceu na igreja de Corinto quando da celebração da Ceia do Senhor (1 Co 11.17-34).

3. Por que o favoritismo, a parcialidade e quaisquer tipos de discriminação devem ser combatidos com rigor na igreja local, principalmente pela liderança?
R. Estamos frente a algo reprovável diante de Deus: a discriminação social na igreja. 

4. A que se refere o termo "real", no versículo 8?
R. O termo "real", no versículo 8, refere-se aquilo que é o mais importante da lei, a sua própria essência.

5. De acordo com a lição, o que é a Lei da Liberdade?  
R. A Lei da Liberdade é o Evangelho..